Viagem: Porto de Galinhas + Maragogi!

/ agosto 22, 2017

Há pouco mais de um ano, fiz uma viagem para o Pernambuco e Alagoas. Visitei muitas praias incríveis e me decepcionei também! E, sempre que conto sobre isso querem saber mais, então, hoje vim aqui dividir minha experiência com vocês! Posso não lembrar tanto assim dos detalhes, mas, qualquer dúvida, deixem nos comentários que responderei. 

Ficamos hospedados na Pousada Girassol(que tem a melhor rabanada no café da manhã), em Ipojuca, cidade que tem várias praias(como a Praia do Cupe, Porto de Galinhas, Serrambi, Muro Alto, Gamboa e Maracaípe) distribuídas numa orla de 18km. Para os amantes da cor azul, preparem-se! A paleta de cores dessa viagem com certeza é azul!

Praia de Muro Alto - lado externo do Nannai Resort
Primeiro, conhecemos a Praia de Muro Alto, com poucas ondas na maré baixa, onde forma-se uma enorme piscina natural, devido ao "muro alto" que dá-se pelo enorme recife com mais de 3km de extensão. Na orla, ficam resorts e condomínios luxuosos, então, em um passeio, você poderá dar uma olhada(de fora, claro hahaha) em todos! Também pode-se encontrar passeios de caiaque, sup e barco a vela na praia.

Fizemos um passeio de buggy por toda a orla de Ipojuca, conhecemos todas as praias que citei mais acima e almoçamos no João Restaurante que, inclusive, é INCRÍVEL! Lugar super aconchegante, a beira do mar, com piscina... E não esqueci do mais importante: a comida! É absurdamente deliciosa, então, também recomendo sem medo. E, já aproveito para falar que esqueça a dieta se for a Porto de Galinhas! A gastronomia é riquíssima de sabores, então, se jogue! 

Foto: @joaorestaurante on Instagram
O passeio de jangada no calçadão de Porto para conhecer as piscinas naturais, ver peixinhos na água cristalina e tirar fotos incríveis também é maravilhoso. Aliás, o calçadão de Porto, por completo, é incrível! Com várias lojinhas de artesanato, restaurantes, sorveterias, enfim, tu-do! Jantamos no Restaurante Barcaxeira, localizado no final o calçadão, que tem um ambiente super familiar, com música ao vivo, decorado com artesanato local e super colorido(como todo o estado do Pernambuco), os pratos focam nos frutos do mar, porém, é super vasto e a comida é apenas dos deuses(nunca esqueci o escondidinho de carne de sol de lá!). 

No passeio de Jangada, ofertado no calçadão de Porto. Finjam que estou sem o óculos!
Fomos conhecer, também, a famosa Praia de Carneiros, que fica a 1 hora de Porto de Galinhas. De lá, seguimos para Maragogi, que também fica a 1 hora da Praia de Carneiros. Em Carneiros, ficamos no Restaurante Bora Bora, lembro-me que o estacionamento era bem caro, mas não lembro quanto. O lugar é lindo para fotos, e muito grande! Uma área com duchas, banheiros, barracas, mesas, poltronas, redes, etc... Não almoçamos lá, então não sei sobre a culinária do restaurante. Fizemos um passeio de Catamarã, conhecemos um banco de areia em alto mar(onde tinha uma vendinha, acabamos almoçando lá), a famosa Igrejinha de Carneiros e uma parte do mangue. 

A imagem pode conter: 1 pessoa, céu, árvore, planta, atividades ao ar livre e natureza
Entrada do Restaurante Bora Bora

A imagem pode conter: 1 pessoa, sorrindo, em pé, céu, oceano, árvore, atividades ao ar livre, água e natureza

Seguimos para Maragogi... Ao chegar, percebemos a total desestrutura da cidade. Não nos hospedamos na orla, então, o choque foi imediato. Ruas não asfaltadas, e pior: "esburacada". A Pousada Maragolfinho, que nos hospedamos, era ótima! Moderna, organizada, com vista pro mar... Até amenizou nossa frustração com a cidade. Fizemos um passeio de lancha(conseguimos pechinchar e conseguimos que ficasse 60,00 por pessoa, se não me engano), onde conhecemos toda a extensão da orla da cidade, passando pela Praia de Xaréu, aliás, Praia da Bruna(ganhou esse nome depois da passagem da atriz Bruna Lombardi, que realizou um topless por lá e nunca mais foi esquecida) e pela Praia de Coqueirinho. 

A imagem pode conter: 1 pessoa, sorrindo, oceano, céu, árvore, atividades ao ar livre e natureza
Praia de Coqueirinho
Realizamos também, o passeio de catamarã para conhecer as piscinas naturais formadas por recifes, vimos muitos peixinhos também! Glub glub! Fomos num período de maré alta, então, estava bem fundo(alguns locais com 5m de profundidade), então, dica: vá em maré baixa para que possa aproveitar melhor, mesmo que saiba nadar. 

A falta de estrutura em Maragogi é notada até mesmo no calçadão, onde havia muito lixo, não há uma vasta opção de restaurantes... Confesso que fiquei bem decepcionada com Maragogi, não sei se por querer comparar com Porto. Recomendo ficar hospedado em Porto e ir visitar Carneiros e Maragogi, já que a distância é pouca. A estrada também é super gostosa, conhecendo o Cabo de Santo Agostinho. 

On the road...




Há pouco mais de um ano, fiz uma viagem para o Pernambuco e Alagoas. Visitei muitas praias incríveis e me decepcionei também! E, sempre que conto sobre isso querem saber mais, então, hoje vim aqui dividir minha experiência com vocês! Posso não lembrar tanto assim dos detalhes, mas, qualquer dúvida, deixem nos comentários que responderei. 

Ficamos hospedados na Pousada Girassol(que tem a melhor rabanada no café da manhã), em Ipojuca, cidade que tem várias praias(como a Praia do Cupe, Porto de Galinhas, Serrambi, Muro Alto, Gamboa e Maracaípe) distribuídas numa orla de 18km. Para os amantes da cor azul, preparem-se! A paleta de cores dessa viagem com certeza é azul!

Praia de Muro Alto - lado externo do Nannai Resort
Primeiro, conhecemos a Praia de Muro Alto, com poucas ondas na maré baixa, onde forma-se uma enorme piscina natural, devido ao "muro alto" que dá-se pelo enorme recife com mais de 3km de extensão. Na orla, ficam resorts e condomínios luxuosos, então, em um passeio, você poderá dar uma olhada(de fora, claro hahaha) em todos! Também pode-se encontrar passeios de caiaque, sup e barco a vela na praia.

Fizemos um passeio de buggy por toda a orla de Ipojuca, conhecemos todas as praias que citei mais acima e almoçamos no João Restaurante que, inclusive, é INCRÍVEL! Lugar super aconchegante, a beira do mar, com piscina... E não esqueci do mais importante: a comida! É absurdamente deliciosa, então, também recomendo sem medo. E, já aproveito para falar que esqueça a dieta se for a Porto de Galinhas! A gastronomia é riquíssima de sabores, então, se jogue! 

Foto: @joaorestaurante on Instagram
O passeio de jangada no calçadão de Porto para conhecer as piscinas naturais, ver peixinhos na água cristalina e tirar fotos incríveis também é maravilhoso. Aliás, o calçadão de Porto, por completo, é incrível! Com várias lojinhas de artesanato, restaurantes, sorveterias, enfim, tu-do! Jantamos no Restaurante Barcaxeira, localizado no final o calçadão, que tem um ambiente super familiar, com música ao vivo, decorado com artesanato local e super colorido(como todo o estado do Pernambuco), os pratos focam nos frutos do mar, porém, é super vasto e a comida é apenas dos deuses(nunca esqueci o escondidinho de carne de sol de lá!). 

No passeio de Jangada, ofertado no calçadão de Porto. Finjam que estou sem o óculos!
Fomos conhecer, também, a famosa Praia de Carneiros, que fica a 1 hora de Porto de Galinhas. De lá, seguimos para Maragogi, que também fica a 1 hora da Praia de Carneiros. Em Carneiros, ficamos no Restaurante Bora Bora, lembro-me que o estacionamento era bem caro, mas não lembro quanto. O lugar é lindo para fotos, e muito grande! Uma área com duchas, banheiros, barracas, mesas, poltronas, redes, etc... Não almoçamos lá, então não sei sobre a culinária do restaurante. Fizemos um passeio de Catamarã, conhecemos um banco de areia em alto mar(onde tinha uma vendinha, acabamos almoçando lá), a famosa Igrejinha de Carneiros e uma parte do mangue. 

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Entrada do Restaurante Bora Bora

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Seguimos para Maragogi... Ao chegar, percebemos a total desestrutura da cidade. Não nos hospedamos na orla, então, o choque foi imediato. Ruas não asfaltadas, e pior: "esburacada". A Pousada Maragolfinho, que nos hospedamos, era ótima! Moderna, organizada, com vista pro mar... Até amenizou nossa frustração com a cidade. Fizemos um passeio de lancha(conseguimos pechinchar e conseguimos que ficasse 60,00 por pessoa, se não me engano), onde conhecemos toda a extensão da orla da cidade, passando pela Praia de Xaréu, aliás, Praia da Bruna(ganhou esse nome depois da passagem da atriz Bruna Lombardi, que realizou um topless por lá e nunca mais foi esquecida) e pela Praia de Coqueirinho. 

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Praia de Coqueirinho
Realizamos também, o passeio de catamarã para conhecer as piscinas naturais formadas por recifes, vimos muitos peixinhos também! Glub glub! Fomos num período de maré alta, então, estava bem fundo(alguns locais com 5m de profundidade), então, dica: vá em maré baixa para que possa aproveitar melhor, mesmo que saiba nadar. 

A falta de estrutura em Maragogi é notada até mesmo no calçadão, onde havia muito lixo, não há uma vasta opção de restaurantes... Confesso que fiquei bem decepcionada com Maragogi, não sei se por querer comparar com Porto. Recomendo ficar hospedado em Porto e ir visitar Carneiros e Maragogi, já que a distância é pouca. A estrada também é super gostosa, conhecendo o Cabo de Santo Agostinho. 

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42 anos de carreira e 61 de vida: que virem mil.
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No dia 26 de maio, a cantora Fafá de Belém esteve nas terras alencarinas com seu espetáculo "Do tamanho certo para o meu sorriso", que roda o país desde 2016, em homenagem aos seus 40 anos de carreira. De "abandonada", um clássico, a "ao pôr do sol", brega paraense inédito em sua voz, a artista cantou, dançou, encantou e rodopiou no palco do Teatro RioMar Fortaleza com seu show de lançamento do CD e DVD, que venceu, na categoria canção popular, "Melhor Álbum" e "Melhor Cantora", no 27º Prêmio da Música Brasileira.

A chegada é um choque: a banda que a acompanha é composta apenas por guitarras, tocadas por Manoel Cordeiro e Felipe Cordeiro, pai e filho que mostram o som que é denominado de "guitarradas do Pará", mas, ao longo do show, tem-se a certeza que tudo está completo e no mais perfeito arranjo. A paraense interpreta, também, "Bilhete", de Ivan Lins, com tanta maestria que a platéia fica extasiada, paralisada, eu diria.


Num show que nos leva até o Pará, dirigido por Paulo Borges, Fafá engloba não só o seu estado, mas um Brasil inteiro ao se apossar de uma voz e talento único: o seu. Também intimista, o espetáculo aproxima o público da enorme e versátil artista que tem sido nestes mais de 40 anos de carreira. No número em que apresenta "Cavalgada", outro clássico, dessa vez, de Roberto Carlos, deleitando-se no cenário de uma cama, insinuando cenas capazes de levar ao céu os amantes da arte, e, leva-os mesmo. Enquanto o número acontece, o painel ilustra um céu estrelado.



Ao final, Fafá homenageou o cantor e compositor cearense Belchior, numa plausível interpretação à capela de "Mucuripe". O público, marcado por conterrâneos do cantor, que já estava de pé a dançar carimbó, emocionou-se e aplaudiu a cantora.

Fafá disse em entrevista a revista Ela que se reinventou aos 60. Sendo essa a idade que marca a transição para a "melhor idade", pode-se dizer que chegou em grande estilo para a cantora, que agora, além de interpretar no palco, atua na novela A Força do Querer, de Gloria Perez, como Mere Star e recentemente participou do quadro Show dos Famosos no Domingão do Faustão, trazendo ao telespectador, a aproximação de um nome já consagrado da música brasileira mas, que tem a possibilidade de ainda se reinventar em mil, sendo Alcione, Maria Bethânia, Luiz Gonzaga, Adele, Ângela Maria ou Roberto Carlos, mas, ainda assim, Maria de Fátima.

Hoje, dia nove de agosto de 2017, completa seus 61, o que o público quer de Fafá? Uma artista que permaneça aonde o povo está por, pelo menos, mais 60 anos.
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Atores da peça "Histeria", de Jô Soares. Theatro Via Sul, 16 de julho de 2017. 


Dia desses eu descobri que amava teatro, quando me apresentei como protagonista pela primeira vez. Amava receber o calor do público que me assistia, assim, bem na cara. Dia desses eu também descobri que amava assistir teatro, mas eu morava no interior e o único que eu tinha oportunidade de ver era o da minha escola(que era e é lindo, aliás. Amo!). Daí, comecei a ver peças gravadas pela internet... Achava um saco. Parei de ver. Dia desses eu vim morar em Fortaleza, na capital, e decidi que eu faria todos os programas culturais que pudesse, todos os que eu nunca tive oportunidade de fazer. Dia desses eu quis fazer teatro e ainda quero(e vou realizar). Dia desses eu fui ver o show da Fafá sozinha, e a cara de espanto de muitas pessoas quando eu disse que estava sozinha, era uma graça! Eu não sabia o porque do espanto, sempre gostei de fazer o que gosto sozinha ou acompanhada, e, já que fujo dos padrões dos meus amigos, sempre escutei música sozinha, vou aos lugares que gosto sozinha, mas, na maioria das vezes, estou acompanhada. Dia desses eu fui ao cinema sozinha e experimentei da melhor comentarista que pode existir: eu mesma. Ouvi minha risada se misturar com a do público e ali eu tive a certeza que não me sinto só, não sou só.  Dia desses fui ao museu sozinha e pude apreciar com mais calma cada exposição ali. Algumas vezes, parava e pensava no meu deslumbramento com tudo aquilo. 


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Legenda da obra "Mãe Migrante"
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"Mãe Migrante", Museu da Fotografia Fortaleza, 22 de julho de 2017.


Me senti plena e atendida tal qual Clarice pediu: "que minha solidão me sirva de companhia". Me senti a própria gracinha, Hebe, quando lembrei de sua frase: "eu sou minha melhor companhia". Dia desses eu passei em frente ao Theatro José de Alencar, quis entrar, mas quem andava comigo estava com pressa, não deixou que eu entrasse e realizasse um desejo, por isso, é melhor realizar sozinha. Tudo bem. Dia desses, assisti minha primeira peça de teatro, sozinha. Muitas ainda virão, essa foi linda, dirigida pelo Jô Soares, ora! Inclusive, recomendo muito, "Histeria" é o nome dela.

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Show "Do tamanho certo para o meu sorriso", de Fafá de Belém. Teatro RioMar Fortaleza, 26 de maio de 2017.

Eu já havia entrado num teatro, justamente no show de Fafá, não para uma peça teatral, mas, para um dos espetáculos mais lindos que meus olhos viram. E eu só vim aqui afirmar que eu continuo sendo a minha melhor companhia... E é muito gostoso realizar meus desejos, minhas vontades, mesmo que sozinha. É muito gostoso não ser adepta ao "sozinha eu não vou". E é muito gostoso saber que tenho gostos "só meus", que não se encaixam em tantos padrões para as pessoas da minha idade, mas que, mesmo assim, eu sou determinada o suficiente para assumí-los. Não estou afim de deixar de aproveitar tantas coisas legais por não ter companhia, aliás, sempre tenho: a minha. 
É necessário sair sozinho! Para observar mais de nós e do que está ao nosso redor, para conhecer o desconhecido e sorrir com algo que olhamos com a calma de estarmos sozinhos, para reinventar-se, para comentar obras e conhecer o seu poder crítico, para falar sozinho, para enlouquecer sozinho. É necessário sair sozinho, apesar da indiferença de quem te olha. Apesar do susto que as pessoas tem ao me ver sozinha, logo eu, com 1,50cm no meio de dois casais, foi assim quando fui assistir à peça. É necessário sair sozinho para tomar coragem! E não pensem que eu nego boas companhias. Mas, não mexa comigo que eu não ando só, já diria Bethânia...


Post ilustrado com fotos dos meus eventos na minha melhor companhia.


Você sai sozinho?

by on agosto 08, 2017
Atores da peça "Histeria", de Jô Soares. Theatro Via Sul, 16 de julho de 2017.  Dia desses eu descobri que amava teatro,...
Foto: Reprodução/Google

Nise da Silveira. Como já diria Chico Buarque: "quem é essa mulher?". Nascida em Alagoas, no dia 05 de fevereiro de 1905, foi uma das mais importantes psiquiatras no Brasil, formou-se em 1926 sendo a única mulher da turma de 157 alunos.

A luta das minorias tem sido assunto amplamente fomentado em nossa contemporaneidade, sendo este filme um transporte midiático sobre uma delas, que passou-se anos atrás, não deixando de ser atemporal, com a temática de inclusão de grupos que são excluídos da sociedade civil, contando a história real da luta da psiquiatra com o tratamento de seus pacientes, ou melhor, seus clientes, como a própria preferia chamá-los. O longa inicia-se no período de 1944, em que Nise retorna sua vida profissional após ser detida durante 15 meses, em 1934, acusada de associação com o comunismo, vivendo clandestinamente nos oito anos que se seguiram.

Ao retornar ao Centro Psiquiátrico Nacional Dom Pedro II, os métodos de tratamento violentos – como lobotomia, choques e agressões físicas – utilizados com os doentes psíquicos assustaram e revoltaram Nise, que recusou trabalhar daquela maneira. Com isso, foi transferida ao setor de terapia ocupacional do local, quando até mesmo seu marido foi contra, alegando que a médica estaria desprezando sua própria carreira.

Gosto de fazer uma intertextualidade com a frase de Javier Velaza, que digo "se nada nos salva da morte, que a arte nos salve da vida". Na essência, o filme "Nise – O coração da loucura", dirigido por Roberto Berliner, nos passa esta mensagem. Após encontrar o setor devastado, a psiquiatra vai contra diversos outros médicos que trabalhavam no local, sendo ela a única mulher do espaço, propondo uma mudança no método utilizado e reforma no cenário em que estava. Com apoio de um colega, Nise faz com que os pacientes conheçam e se desenvolvam através da arte, com pinturas, músicas e esculturas, os mesmos vão mostrando evolução em seus devidos quadros, revelando as sendas do seu "Engenho de Dentro". 

A atriz Gloria Pires, que interpreta a personagem principal, encontra-se dada por inteiro à personagem, deixando o brilho e a indignação da personagem visível até mesmo no olhar. A direção fotográfica e trilha sonora do filme é impecável, dialogando entre si a todo momento. A fotografia, em tons quentes quando o clima é de violência ou tensão e, em tons claros, quando é favorável.

Foto: Reprodução/Google

Ao assistir, lembrei-me do livro Holocausto Brasileiro, da jornalista Daniela Arbex, que dialoga diretamente com o filme, trazendo a mesma temática à tona. Questiono-me, também, quantos artistas não perdemos por serem julgados "loucos". Torna-se imprescindível que a crítica social do filme permeie nos conceitos já arraigados em nossa sociedade, levando-nos sempre à evolução quanto ao assunto.

Outra questão levantada no filme é o machismo, em que a personagem até cita em uma das cenas, além da pressão sofrida por ela no hospício, que era comandado por homens reacionários, no qual percebemos com os olhares dos mesmos quando ela chega ao local da reunião, nas primeiras cenas. Vale salientar que este é outro assunto amplamente discutido nos tempos atuais, nos fazendo perceber que ainda há muito a ser conquistado por nós, mulheres, tendo em vista o tempo em que aquilo aconteceu e o quanto evoluímos até aqui.

Por fim, a obra é, sem dúvidas, um exemplo de como o cinema brasileiro é rico, sendo não só uma biografia de Nise da Silveira, mas, também, um salto que leva o público à reflexão, trazendo a realidade que ainda é vivida por muitos para as telas dos cinemas.