Você sai sozinho?

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Atores da peça "Histeria", de Jô Soares. Theatro Via Sul, 16 de julho de 2017. 


Dia desses eu descobri que amava teatro, quando me apresentei como protagonista pela primeira vez. Amava receber o calor do público que me assistia, assim, bem na cara. Dia desses eu também descobri que amava assistir teatro, mas eu morava no interior e o único que eu tinha oportunidade de ver era o da minha escola(que era e é lindo, aliás. Amo!). Daí, comecei a ver peças gravadas pela internet... Achava um saco. Parei de ver. Dia desses eu vim morar em Fortaleza, na capital, e decidi que eu faria todos os programas culturais que pudesse, todos os que eu nunca tive oportunidade de fazer. Dia desses eu quis fazer teatro e ainda quero(e vou realizar). Dia desses eu fui ver o show da Fafá sozinha, e a cara de espanto de muitas pessoas quando eu disse que estava sozinha, era uma graça! Eu não sabia o porque do espanto, sempre gostei de fazer o que gosto sozinha ou acompanhada, e, já que fujo dos padrões dos meus amigos, sempre escutei música sozinha, vou aos lugares que gosto sozinha, mas, na maioria das vezes, estou acompanhada. Dia desses eu fui ao cinema sozinha e experimentei da melhor comentarista que pode existir: eu mesma. Ouvi minha risada se misturar com a do público e ali eu tive a certeza que não me sinto só, não sou só.  Dia desses fui ao museu sozinha e pude apreciar com mais calma cada exposição ali. Algumas vezes, parava e pensava no meu deslumbramento com tudo aquilo. 


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Legenda da obra "Mãe Migrante"
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"Mãe Migrante", Museu da Fotografia Fortaleza, 22 de julho de 2017.


Me senti plena e atendida tal qual Clarice pediu: "que minha solidão me sirva de companhia". Me senti a própria gracinha, Hebe, quando lembrei de sua frase: "eu sou minha melhor companhia". Dia desses eu passei em frente ao Theatro José de Alencar, quis entrar, mas quem andava comigo estava com pressa, não deixou que eu entrasse e realizasse um desejo, por isso, é melhor realizar sozinha. Tudo bem. Dia desses, assisti minha primeira peça de teatro, sozinha. Muitas ainda virão, essa foi linda, dirigida pelo Jô Soares, ora! Inclusive, recomendo muito, "Histeria" é o nome dela.

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Show "Do tamanho certo para o meu sorriso", de Fafá de Belém. Teatro RioMar Fortaleza, 26 de maio de 2017.

Eu já havia entrado num teatro, justamente no show de Fafá, não para uma peça teatral, mas, para um dos espetáculos mais lindos que meus olhos viram. E eu só vim aqui afirmar que eu continuo sendo a minha melhor companhia... E é muito gostoso realizar meus desejos, minhas vontades, mesmo que sozinha. É muito gostoso não ser adepta ao "sozinha eu não vou". E é muito gostoso saber que tenho gostos "só meus", que não se encaixam em tantos padrões para as pessoas da minha idade, mas que, mesmo assim, eu sou determinada o suficiente para assumí-los. Não estou afim de deixar de aproveitar tantas coisas legais por não ter companhia, aliás, sempre tenho: a minha. 
É necessário sair sozinho! Para observar mais de nós e do que está ao nosso redor, para conhecer o desconhecido e sorrir com algo que olhamos com a calma de estarmos sozinhos, para reinventar-se, para comentar obras e conhecer o seu poder crítico, para falar sozinho, para enlouquecer sozinho. É necessário sair sozinho, apesar da indiferença de quem te olha. Apesar do susto que as pessoas tem ao me ver sozinha, logo eu, com 1,50cm no meio de dois casais, foi assim quando fui assistir à peça. É necessário sair sozinho para tomar coragem! E não pensem que eu nego boas companhias. Mas, não mexa comigo que eu não ando só, já diria Bethânia...


Post ilustrado com fotos dos meus eventos na minha melhor companhia.


2 comentários:

  1. Sair sozinho é o maior movimento de liberdade que o ser humano pode ter. A independência causa uma sensação muito boa de fazer o que e quando quiser. E para os chatos e dependentes de plantão: dá sim para se divertir, e muito, com sua própria companhia.

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  2. Fazer programas sozinha me fez conhecer uma Herlane que nem eu mesma conhecia, todo mundo diz que em anos de convivência não se conhece o outro completamente, e, eu digo que em anos de convivência comigo mesma ainda não conhecia metade do que sou e de onde posso chegar. Foi lendo o meu livro da vida que aprendi a ler o livro das pessoas ao meu redor. Digo mais, aprendi a ser tão tolerante, porque aprendi a assumir meus gostos, meus ídolos e meu mundo. Recomendo muitooo!!!!

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